A menina criou asas
Hoje ela está livre; estava navegando há um período de
aproximadamente dois ou três anos (o tempo pouco importa como também pouco
importa tudo quanto seja relativo) em uma canoa furada, cujo piloto não se
encontrava preparado para lidar com o leme.
Como exemplo vivo de que o mal não dura para sempre, ela foi
resgatada, praticamente prestes a dar seu último suspiro.
Mergulhada em uma depressão profunda, refém de um amor egoísta que
a proibiu de trabalhar e anulou sua vida social, e não dava conta de sequer,
prover o sustento da unidade conjugal.
Tudo era limitado, menos a soberba e a prepotência, alegava estar
na bíblia que a mulher deve ser submissa, tudo para por óbvio justificar a
soberba, o mando e o autoritarismo.
Fazendo uma análise sobre a vida humana é visto que o respeito é a
base de tudo, estando em casa ou em outro lugar.
Além do machismo, algo que era notável a todo instante era o
complexo de inferioridade, tem gente que tem juízo e jeito para resolver as coisas,
mas há também aqueles seres que agem por impulso e perdem o controle de tudo,
tanto no amor quanto na parte financeira.
Diferenças existem e não é impossível conviver com elas, mas há
modos inaceitáveis. Não havia um lugar que o indivíduo não fazia escândalo. Ela
ficava envergonhada, nada ficava livre dos escândalos dele.
A menina uma pessoa simples, sempre cultivou a boa educação.
As coisas faltando em casa, ela que sempre trabalhou em um ritmo
invejável, profissão nas mãos e muito prendada, mesmo quando não gostava de
fazer alguma coisa, tomava como desafio e aprendia tomar gosto e seguia em
frente.
Sofrendo em um desespero mudo, um dia ajoelhou e pediu a Deus
solução. Ela não sabia como agir, mas queria mudança.
Todo dia ela chorava de tristeza, cortaram suas asas, seu sorriso
insistia em viver.
Até que em uma bela tarde, colocou a cabeça no travesseiro e
decidiu dar um jeito na vida.
Revoltou-se contra aquela situação, deu uma de "louca" e
reagiu, expulsou o machão de sua vida e de sua casa, que era simples, mas era
dela.
A menina hoje ouve muita crítica quanto sua possível conduta
desastrada, que em razão de ciúmes ou outros arroubos e reações inesperadas,
fruto de impulsos havido por desmedidos - ledo engano, todavia - a menina
sempre restou incompreendida!
Revendo o tempo de escuridão pelo qual passara, sofrendo na mão do
machista, ela está muito consciente, ela jogou fora o que não servia para ela e
só quebrou as coisas velhas. E as coisas velhas já passaram mesmo, tudo se fez
novo.
A menina está de volta em seu habitat natural, onde reina a paz e
a prosperidade.
A menina criou asas e voou livre como pássaro e dona de suas
vontades. Fazendo do seu ninho cada vez mais aconchegante, de volta ao trabalho
a felicidade é plena.
Voando livremente e recusando sofrimento segue sua
caminhada.
Há pouco tempo - após tantos eventos ruins, sobrevieram às
mudanças substanciais e - lá no fim do túnel, a luz precursora da felicidade
principiou a emergir. E a menina de um metro e meio - pequena no físico, mas
enorme no coração e no espírito, se manteve firme como uma rocha.
E como sempre o mundo não para de girar, e sem luta não há vitória.
Deus rapidamente veio ao seu encontro e disse: está proibida de
chorar, só pode ser - se de alegria. Este ano você já entrou com o pé direito,
seu pedido foi atendido, você queria um ano novo, vida nova...
Então compreendendo e aceitando o destino, a menina toma posse de
suas asas cada vez mais ágeis e voa, voa no tempo de Deus.
Descobriu que é muito amada e retomou seu pacto com Jó, o dono da
paciência.
Tudo se refez, e acreditem, a menina criou asas tão poderosas que
acabou vivendo o milagre da superação.
Ana Almeida, 47 anos, de Dourados – MS, reside em Araçatuba há trinta anos, atua como auxiliar de enfermagem, é artesã, possui ensino médio completo, autora do livro “Risos e Lágrimas”, escreve no caderno Vida da Folha da Região. anaalmeidazaher.blogspot.com.br
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