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Cármen Sílvia da Costa - GE - Dedo indicador

Dedo indicador


Por trás do dedo indicador, pousado sobre os lábios, há um pedido de silêncio.

Cabisbaixo Rafael sai e procura a bola para distrair ou reprimir a vontade de chorar. Olha para o seu dedo indicador e com o outro aperta-o encolhendo. Ao entardecer ocupara lugar à mesa, pensou antes de começar o jantar:- Não falarei nada, nem assistirei televisão e irei dormir antes das dez. Seus pais tagarelavam um assunto que parecia não ter fim; porém se tocaram que estavam a três. 

- Que aconteceu com esse menino? Indagou o pai.

 -Filhinho você está sentindo alguma coisa 
?- insistiu a mãe.

-Filhinho, fala! 

Silêncio absoluto. 

Ele está  doente Daniel, vamos levá-lo para o hospital. 

Ao entrar no hospital, o menino depara com um quadro de uma enfermeira com o dedo indicador igual ao de sua mãe, voltado para os lábios. 

O médico viera atende-los:

- Olá garotão, fala para o titio onde está doendo? 

Quanto mais o médico insistia, mais Rafael travava os dentes. Fala que o titio dá um doce. Doce! Qque vontade, mas o que estava acontecendo mesmo era greve de silêncio. 

Novamente Rafael aperta o seu dedo e desta vez com mais força, expressando nervosismo. 

Rafael está bem, naturalmente parece descontente com alguma coisa: refletiu o médico. 

- Fala, filhinho, para a mamãe o que aconteceu, o que você deseja. 

Rafael olha para o médico e diz: 

Quero aquele quadro. 

Filhinho, só os hospitais que precisam desse quadro. Como chama esse dedo doutor? indicador. 

Rafael fixa o olhar para o médico com o dedinho esticado diz:

- Será que serve para dizer que estou cansado de vê-lo pedindo para eu calar a boca, não pode, sem falar por que, já pra cama. 

Serve para perguntar também, Rafael.

-Agora por favor, sirva-me o doce, doutor.


Carmen SÍlvia da Costa, 06/02/1953, Araçatuba agente de organização escolar. Trabalha na EE Nilce Maia Souto de Melo. Já publicou textos noutras Experimentâneas. Participa do Grupo Experimenal da Academia Araçatubense de Letras 

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