Uma alma no trabalho
Domingo,
vinte e seis de julho de dois mil e quinze e eu tinha que trabalhar, guardar a
portaria do Centro de Controle de Zoonoses de Araçatuba.
Acordei as
cinco horas da manhã com a estupidez do barulho estridente do despertador,
levantei, fui ao banheiro, escovei os dentes, vesti-me, estava friozinho, vesti
uma blusa e fui para a cozinha, pus água na chaleira, fiz um café muito
gostoso, tomei, e estava pronto para o trabalho.
Ás cinco e
meia dei partida no carro, abri o portão eletrônico e saí, tinha que render o
guarda da noite às seis horas, cheguei
dez minutos antes e tomei conta do posto.
Foi uma
manhã tranquila, logo o sol começou a subir no céu e o frio foi passando e
calor costumeiro nosso de cada dia foi chegando, com tudo para ser um lindo e
bom dia de domingo.
Olhei no
painel de avisos o nome da pessoa que me substituiria, era a senhora Aracy, que
ficaria no meu lugar após o meu turno de seis horas, que terminaria ao meio
dia.
Na
repartição, domingo de manhã tranquila, muito calma, pouquíssimas ocorrências:
ouvi rádio, li jornais e o tempo passou muito rápido.
Quinze para
o meio-dia chegou dona Julinda, e eu perguntei.
-Mas não é
dona Aracy que vem me substituir?
E ela
respondeu:
-Não. A
chefa me ligou para eu vir. E eu disse:
-Tudo bem, é
que é o nome dela que está na escala ali no painel.
E dona
Julinda perguntou:
-Você encheu
a garrafa térmica de água?
Eu disse que
não. Então ela falou:
-Então eu vou
lá no fundo ao bebedouro enchê-la de água geladinha
Eu
perguntei:
-Eu posso ir
embora?
E ela disse:
-Sim. Pode
ir, eu volto já aqui.
Dei partida
no meu carro e fui embora para a minha casa, em dez minutos eu estava em frente
ao meu portão, quando o meu celular tocou. Era dona Aracy. Disse -me que chegou e encontrou a portaria
sem ninguém. Eu falei.
-Mas não é
possível,deixei aí a dona Julinda, que falou que ficaria no seu lugar.
Eu fiquei
indignado, eu não sou irresponsável, eu não deixaria a portaria desguarnecida.
Daí mais
vinte minutos o meu celular tocou novamente: era o Quirino, um outro colega de
trabalho, avisando que a dona Julinda as onze horas, sofreu um acidente, foi
atropelada por um caminhão na esquina ruas Aguapei e Cangiro Takebe e estava morta.
Hosanah Spíndola de Atíides. 71 anos. Nascido em Formosa-GO. Mora em Araçatuba-SP desde seus 14 anos. Estudou depois de adulto. Formou-se em Letras. Pertence ao Grupo Experimental desde seu início. Publicou dois livros. Atualmente é membro da UBE e acadêmico da Academia Araçatubense de Letras AAL. hosanah@hotmail.com
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