É amigo...Lá vem Celestino selar sua sorte, voltas que a
vida dá, quem há de esperar por essa passar. O jagunço "atocaiado"
atrás da umburana, a espreitar Celestino que vem no caminho a galopes de
Destino seu cavalo, sincronizado ao som do galopar, está o coração de Raimundo
a esperar empunhando a garrucha, o local é deserto e de certo sem ninguém por
perto pro coiote atacar. Chegando Celestino, em assalto Raimundo sai a lhe
cercar, vai logo perguntando:
— Tem fogo?
Celestino petrificado chega suar
gelado ali parado fica sem reação, numa fração de segundo com um tiro certeiro
Raimundo derruba o cabra morto no chão... olhando aquela cena sinto até pena
por tamanha humilhação, mas pra você que chegou agora, vou resumir a
história dessa tribulação. Ainda mais cedo no povoado de Bom Nome, Raimundo foi
desaforado, na frente da moça formosa e tão graciosa sua paixão.
Na vila por
tradição tem festa e rojão, pra comemorar a chegada da colheita. Seguindo o
grande bailão, Celestino tirou o enamorado Raimundo da amada no meio do salão,
cortejou a donzela rindo com ela do pobre infeliz. Que saiu acabrunhado
encolerizado disse:
- Isso não fica assim não!
Saiu às carreiras tomando a
dianteira no caminho da caatinga, com o lugar escolhido Raimundo comigo esperou
o parlapatão. Como Caim e Abel, caído aqui, mais um filho de Adão, Celestino
vai comigo agora, mas volto outra hora pra Raimundo buscar em outra ocasião.
Nivanei Gomes, mora em Araçatuba-SP,
é psicanalista, teólogo, escritor e artista plástico. Faz
atendimentos psicanalíticos, se dedica a produção de textos científicos e
literários. Nas artes plásticas, trabalha com telas, desenhos, esculturas e
entalhe em madeira. Membro do Grupo Experimental.
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