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Eliane Martos - GE - A melhor versão de mim


      


Eu já fui o bom filho, e "o filho que só veio para dar decepção" . Já fui o primo preferido, o melhor amigo, confidente, líder.

     Cerceado de amigos tão fiéis e tão vis ... Que se foram .... Se perderam.
      Fui o grande amor da vida de alguém.... E a vida me deixou para trás.
      Já fui o exemplo a seguir, e o exemplo do que não se deve ser.
      Acertei na vida, errei mil vezes mais, mas segui em frente.
      E pior,  JÁ FUI "RAUL"  para MEU AMIGO PEDRO  e hoje, nem mais AMIGO PEDRO há.
      Pensei já ter experimentado o sangrar da mais profunda solidão. E com o correr dos anos, aprendi que era possível sangrar bem mais, estando ainda mais só.
     Fui fiel, rezei novenas, terços, rosários. Aprendi sobre catolicismo, cristianismo, judaísmo, sobre budismo, islamismo, kardecismo, fui ateu!
       E então EU "matei" DEUS!
     Para "reconstruí-lo" com minhas próprias forças e meu próprio amor, até perceber que ele estava dentro de mim!
      Machuquei-me tantas vezes que nem saberia contar. Já tive colo, já cuidei de alguém. Já senti dor sem ter sequer um abraço para me acalentar.
      E aí me restava a frase de André Luiz, me dizendo: "QUANDO NÃO TE RESTA MAIS NADA, SÓ TE RESTA REZAR".E eu rezei. E chorei. E amei e maldisse a SOLIDÃO.
       Houve tantas "versões de mim", e nenhuma perpetua.
       Que faço agora com este meu EU? Este EU de hoje, ainda papel em branco, mas já com as marcas das páginas escritas antes!?

       Cada cicatriz (no corpo ou na alma), meu Cid; cada pessoa que passou por minha vida, trazendo ou levando energia. O melhor ou o pior que havia em mim, o meu sorriso, o meu olhar. Nada disso me define. Mas tudo me compõe, como ser maior, complexo e mutável.      
        Eu não sou mais quem fui. Tudo que me compõe hoje, não caberia em EUs antigos.
     Então eu continuo a vencer, a perder, a aprender com a queda, a crescer, a sangrar, e entender que a cada passo, construo a parte mais importante da minha história, deixando as versões antigas, maculadas, para trás.
         Pois, como diria Luís Fernando Veríssimo:

         "Eu sou a melhor versão de mim."

Eliane Martos Pessoa, mora em Araçatuba-SP, escritora, jornalista. Autora do livro: “Bipolar, em Pessoa”; e textos científicos e literários.

Participou das coletâneas: Experimentânea 2, 3 e 4 da Academia Araçatubense de Letras - AAL; do qual é membro. É Youtuber no canal: Crônicas de Quinta - com Eli. elianemartos@gmail.com

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