Quando será a última vez?
Vivemos a nossa rotina, muitas vezes, de forma
mecânica, quase desatentos e alheios aos acontecimentos à nossa volta. O dia
amanhece e anoitece, como se nada de diferente nos acontecesse.
Quando paramos um pouco para observar ao nosso redor,
percebemos que nossos filhos cresceram muito rápido. Já estão fazendo
faculdades, trabalhando, talvez formados, morando fora, quem sabe até constituindo
outra família. Vivendo a vida deles, da qual pouco temos conhecimento ou alguma
participação.
Nossos pais, se ainda vivos, vão envelhecendo sem darmos
conta. Mal percebemos a fragilidade e a carência deles. Muitas vezes em
situação que requer atenção e cuidados especiais. E nem sempre podemos oferecer
isso a eles.
Teremos que decidir sobre
levá-los para nossa casa ou colocá-los em alguma instituição para idosos, com
profissionais especializados para socorrê-los, em alguma emergência. Decisão
difícil, pois muitos filhos cujos pais encontram-se nesta situação de
dependência, ainda precisam trabalhar.
Os amigos vão
se distanciando pouco a pouco. Cada um segue a sua vida, sua própria rotina. Acabam-se
as saídas em grupos, as festas, os finais de semana animados. O que era união,
diversão, lazer e prazer, aos poucos vão rareando. Quase nada sabemos sobre aqueles
com quem nos divertíamos. Passamos a encontra-los em farmácias ou, pior, em
velórios. Só assim para colocarmos a conversa “em dia” e aí fazemos promessas
de visitas, juramos nos ver mais, programamos reuniões, festas e encontros.
Olhamos o
calendário e nos assustamos com a passagem rápida do tempo.
A rotina nos coloca de uma maneira acomodada perante a
vida, e quando somos sacudidos por algum acontecimento fora do normal ou do
esperado, nos assustamos. Quando uma
doença grave aparece, ou quando perdemos alguém repentinamente, nos damos conta
de que não teremos uma próxima vez, de que não haverá outra chance.
Quando será o nosso último chope, o nosso último
sorvete ou o nosso último churrasco? Quando será o último abraço, o último
beijo ou a última palavra? Quando teremos tempo para realizar aquele antigo sonho
de aprender tocar um instrumento, cantar ou quem sabe até dançar? Viajar? Voar?
Por que não?
Não sabemos.
Precisamos acordar, sacudir a vida. Tirar a roupa de
festa do armário, usar aquele perfume importado que está guardado, tirar os
chinelos e calçar os sapatos novos. Telefonar para saber se o outro está bem, convida-lo
para sair. Promover encontros com nossos familiares e amigos. Que tal um
cinema, um barzinho, um teatro ou um simples passeio pelas ruas?
Não podemos nos acomodar e esperar a vida correr à nossa
frente. Depois que o tempo passar e algo nos acontecer, não adiantará lamentar
e chorar. As pessoas se vão. Coisas
ruins podem acontecer a qualquer momento, na vida de qualquer um de nós.
Maria de Fátima Florentino, 58 anos, nascida em Araçatuba-SP, RelaçõesPúblicas, formada pela FEB/UNESP de Bauru. Possui um Grupo dentro Facebook com quase 500 integrantes #microcontofatimaflorentino – desafio diário na criação de microcontos. Membro e coordenadora do Grupo Experimental.
Este texto da Escritora Fátima nos leva a refletir sobre como estamos cuidando das nossas vidas. O tempo não nos pergunta nada ele segue sua rotina é isso que ele nos ensina.
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