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Fátima Florentino - GE - Quando será a última vez?



Quando será a última vez?

Vivemos a nossa rotina, muitas vezes, de forma mecânica, quase desatentos e alheios aos acontecimentos à nossa volta. O dia amanhece e anoitece, como se nada de diferente nos acontecesse.

Quando paramos um pouco para observar ao nosso redor, percebemos que nossos filhos cresceram muito rápido. Já estão fazendo faculdades, trabalhando, talvez formados, morando fora, quem sabe até constituindo outra família. Vivendo a vida deles, da qual pouco temos conhecimento ou alguma participação.

Nossos pais, se ainda vivos, vão envelhecendo sem darmos conta. Mal percebemos a fragilidade e a carência deles. Muitas vezes em situação que requer atenção e cuidados especiais. E nem sempre podemos oferecer isso a eles.
 Teremos que decidir sobre levá-los para nossa casa ou colocá-los em alguma instituição para idosos, com profissionais especializados para socorrê-los, em alguma emergência. Decisão difícil, pois muitos filhos cujos pais encontram-se nesta situação de dependência, ainda precisam trabalhar.

 Os amigos vão se distanciando pouco a pouco. Cada um segue a sua vida, sua própria rotina. Acabam-se as saídas em grupos, as festas, os finais de semana animados. O que era união, diversão, lazer e prazer, aos poucos vão rareando. Quase nada sabemos sobre aqueles com quem nos divertíamos. Passamos a encontra-los em farmácias ou, pior, em velórios. Só assim para colocarmos a conversa “em dia” e aí fazemos promessas de visitas, juramos nos ver mais, programamos reuniões, festas e encontros.

 Olhamos o calendário e nos assustamos com a passagem rápida do tempo.
A rotina nos coloca de uma maneira acomodada perante a vida, e quando somos sacudidos por algum acontecimento fora do normal ou do esperado, nos assustamos.  Quando uma doença grave aparece, ou quando perdemos alguém repentinamente, nos damos conta de que não teremos uma próxima vez, de que não haverá outra chance.

Quando será o nosso último chope, o nosso último sorvete ou o nosso último churrasco? Quando será o último abraço, o último beijo ou a última palavra? Quando teremos tempo para realizar aquele antigo sonho de aprender tocar um instrumento, cantar ou quem sabe até dançar? Viajar? Voar? Por que não?
Não sabemos.

Precisamos acordar, sacudir a vida. Tirar a roupa de festa do armário, usar aquele perfume importado que está guardado, tirar os chinelos e calçar os sapatos novos. Telefonar para saber se o outro está bem, convida-lo para sair. Promover encontros com nossos familiares e amigos. Que tal um cinema, um barzinho, um teatro ou um simples passeio pelas ruas?

Não podemos nos acomodar e esperar a vida correr à nossa frente. Depois que o tempo passar e algo nos acontecer, não adiantará lamentar e chorar.  As pessoas se vão. Coisas ruins podem acontecer a qualquer momento, na vida de qualquer um de nós.



Maria de Fátima Florentino, 58 anos, nascida em Araçatuba-SP, RelaçõesPúblicas, formada pela FEB/UNESP de Bauru. Possui um Grupo dentro Facebook com quase 500 integrantes #microcontofatimaflorentino – desafio diário na criação de microcontos. Membro e coordenadora do Grupo Experimental.

fatima.oesteengenharia@gmail.com

Um comentário:

  1. Este texto da Escritora Fátima nos leva a refletir sobre como estamos cuidando das nossas vidas. O tempo não nos pergunta nada ele segue sua rotina é isso que ele nos ensina.

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