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Hosanah Spíndola - AAL - De repente, um poço



De repente, um poço

Quando eu era pequeno lá em Goiás aconteceu isso: Os peões estavam trabalhando, uma turma de homens roçando o pasto, quando o Chico, um dos companheiros, distraído, não viu um antigo poço que estava coberto de mato, era um poço muito fundo, com mais de dez metros de fundura. O Chico caiu no buraco e morreu.
Foi aquele alvoroço, todo mundo preocupado, assustados com o acontecimento fatídico. Parou o serviço, alguém correu até a casa mais próxima, arrumou uma corda, outro desceu até o fundo do poço amarrou o defunto, içaram e tiraram de lá do fundo do buraco.
Com o defunto estirado lá no chão, todos se lamentado e se preocuparam: Como vamos fazer para avisar a mulher do Chico, da tragédia ocorrida?
Mas aí entre os companheiros, estava o Juca Fernandes, que era compadre do Chico, e num consenso, o designaram para dar a triste notícia para sua comadre.
E lá foi ele. Chegou, depois das saudações, cumprimentos de uso: Boa tarde! Como vai? O Juca um pouco sem jeito, com medo de assustar a mulher, tomou coragem e começou:
- Perdoa, comadre, eu tenho uma notícia muito triste para lhe dar!
- O compadre Chico, caiu no velho poço e morreu!
A mulher ficou desesperada, Foi um choque muito grande. E começou a chorar. E chorava muito. Derramava muitas lágrimas.
Com o rosto todo molhado e a voz embargada, pegou a barra da saia levou no rosto para enxugar os olhos. Ela que não usava calcinha. Virou para o compadre Juca e perguntou:
- O senhor já viu uma desgraça tão grande assim?
E ele então respondeu:
- Só de vaca.  



Hosanah Spíndola de Atíides. 71 anos. Nascido em Formosa-GO. Mora em Araçatuba-SP desde seus 14 anos. Estudou depois de adulto. Formou-se em Letras. Pertence ao Grupo Experimental desde seu início. Publicou dois livros. Atualmente é membro da UBE e acadêmico da Academia Araçatubense de Letras AAL. 


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