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Reynaldo Mauá Júnior - GE - Ratificando o futuro


Ratificando o futuro

A indignação está falida. As pessoas perderam essa capacidade porque não mais aprofundam o seu universo sensível, intelectual, espiritual, reflexivo e, principalmente, literário. Isso mesmo, a prática habitual da leitura. Encontram-se incapazes de se indignarem com situações que, até um tempo atrás, seria normal e lógico fazê-lo. Parece que estamos encerrando um ciclo na história do mundo moderno.

Não se lê mais como antes. E, atualizando a máxima de Sir Francis Bacon – “SABER É PODER”, Alberto Mangel propõe que “LER É PODER”. Extinguimos o hábito de ler obras de escritores consequentes, filosofia, história, ou qualquer coisa que nos faça pensar e imaginar situações inusitadas ao dia a dia etc. Tudo isso, agora, faz parte um passado não tão longínquo, como se poderia imaginar. 

Em algum momento desta saga contemporânea, entra a internet e as mídias sociais. Elas nos forçam a um único padrão de pensamento, a um tipo uníssono de discurso e narrativa, mais rasos e superficiais, onde todos têm algo a dizer, mas não se sabe o fundamento e veracidade das palavras e ações. 

Apesar de produzidos por mentes e consciências humanas, são frutos de competências duvidosas e, muitas vezes, manipuladas.

A leitura encontra-se, quase exclusivamente nas telas dos aparatos tecnológicos, a um alcance das mãos e distante dos corações e da lucidez de cada um. É próximo do impossível permanecer conectado a um texto qualquer, nessas condições, enquanto o cérebro processa e interpreta a mensagem que se lê, com calma e ponderação. 

Reflexão, como antecipadora das ações, nos dias atuais, é quase um feito inalcançável e/ou inexistente. É praticamente inverossímil levar algumas horas a instilar e apreciar o conteúdo de um belo poema, de um bom texto, de uma história que nos carrega a outras plagas da imaginação fantástica.

Assim, com esse cabedal estruturante do pensamento humano moderno, restam-nos os desastres do cotidiano atual: radicalismos de toda sorte, preconceitos, divisões de classes e sociais, racismo, intransigência, discriminação, medo e, por fim, ódio.

Tornamo-nos superficiais e bidimensionais: ou isso ou aquilo. Passamos a praticar a dicotomia das coisas: nós ou eles. Nada é mais simplesmente um todo lógico e racional. A aceitação de que somos tão iguais e diferentes ao mesmo tempo, que a diversidade nos permite a criatividade e a compreensão de circunstâncias opostas, coloca-nos em choque com nossas crenças, nossas raças, nosso modo de entender o mundo que cerca. De certa forma, esta situações nos leva a perceber a necessidade imperiosa da beleza e do encantamento na vida do ser humano.

Portanto, sem a presença desta praxe em nossas vidas, resta-nos a intolerância, o confronto, o fundamentalismo e, como cenário dramático e fatalista, mas não menos verdadeiro e iminente: a aniquilação. 

Duvida?


Reinaldo Mauá Júnior – educador por opção, escritor por afeição. Venceslauense por nascimento, araçatubense por adoção. Nascido no ano do Jubileu “do grande retorno" e do grande perdão. O tempo só faz estimular e provocar minha emoção. Participante do Grupo Experimental por pura deleitação. reymaua@hotmail.com

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