E EU NEM
QUERIA
Medir esforços para agradar aos filhos é
coisa que nunca fiz. Também não o faço para ajudá-los ou mesmo para dar alguma
bronca que hoje tem que ser curta e só falada. São adultos demais e se me calo
sinto que os traio.
Às vezes descubro que não tinha tanta razão,
mas outras sim. Fica um embaraço fácil de ser desfeito porque vivemos na
confiança total. Assim, decidida a retomar seus passos de família com os dois
filhos, minha menina informou que iria para bem longe, onde é o trabalho do
marido.
Refletimos
juntas e me propus a ouvir mais do que falar, achar menos do que pensar,
concordar mais do que refletir. A mudança foi acontecendo dentro da gente,
aceitação melhorando e na peneira da vida, separamos o joio do trigo.
Para quem
fará bem? Principalmente para os diretamente implicados na causa: ela , marido
, filha e filho. Unidos na vida para caminharem sob a mesma luz.
As caixas
chegaram, prometendo que tudo seria carregado com cuidado. E foi. Não vi, não
desci dez andares para sentir a acomodação dos bens concretos e joguei a
responsabilidade naqueles que faziam o encaixotamento.
Não vi os
brinquedos acumulados em caixas fugindo da minha visão, as roupinhas femininas,
dos babados às legues, dos bordados aos rasguinhos nos jeans, macacõezinhos
minúsculos do recém-chegado às fraldas descartáveis aos montes... O vestido
azul do Ano Novo, saias e tantas coisas mais que minha filha usou e eu vi ... NÃO
SAÍ DE CASA, dez andares acima.
Dia seguinte,
parou um grande caminhão e tirou tudo, carregou tudo para tão longe!!! E eu não
vi nada, mesmo estando a dez andares acima. Não era assim que eu queria, mas
foi a única maneira de meu coração concordar com minha mente e repetir em
uníssono: ”tudo bem, mais uma família feliz”.
E eu nem
queria tudo isso, pensei que seria forte e ajudaria em tudo. Não deu. Não deu...
Emocionante!
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