BANCA DE LIVROS NAS BALADAS CULTURAIS Acadêmico Hosanah Spíndola de Ataíde com a esposa, professoa Divina Eterna dos Santos Spíndola |
Hélio Consolaro*
(Ano: 2000)
Publicado também no livro Experimentânea 13
Desde quando assumi a cadeira 18 na Academia
Araçatubense de Letras, em novembro de 1997, eu falava que a entidade devia
articular todos os escritores da região, não apenas os acadêmicos de Araçatuba.
Parte do ano de 1998, gastei-a em conhecer os
confrades, sentir a academia, ver como ela funcionava, ou seja, reconhecer o
terreno. A ação era recíproca: eles me conheciam, e eu a eles. Já no final
desse ano, pela amizade e confiança conquistadas, senti que era o momento de
apresentar o projeto.
Marilurdes Martins Campezi Apoiou de pronto o projeto |
Assim o fiz. Apresentei-o no papel no final de
1998, entreguei cópias a todos os confrades, expu-lo em reunião. Tive de pronto
a aprovação de todos os confrades, sem exceção, e o engajamento da confreira
Marilurdes Martins Campezi (Lula). Sem a participação dela, não sei se a
formação do grupo teria vingado. A presença feminina e a criatividade de Lula
foram elementos essenciais para o relativo sucesso obtido.
Academia Araçatubense de
Letras
Projeto:
• participação mais efetiva
dos escritores de Araçatuba (e da região) na AAL.
Objetivo:
• propiciar a articulação
entre escritores de Araçatuba (e da região), promover sua qualificação e
facilitar-lhes a publicação de obras.
Atividades:
• reuniões sistemáticas;
• promoções de cursos,
seminários e palestras;
• formação de cooperativas de
publicação.
Estratégia:
• cada escritor fará o
pagamento de uma mensalidade (simbólica) à AAL a partir da adesão ao projeto,
como forma de reembolsar possíveis despesas;
• acadêmico-organizador: Hélio
Consolaro .
Duração:
dois anos (1999-2000)
Avaliação:
• No final de janeiro de 2001,
far-se-á uma reunião com todos os participantes do projeto para uma avaliação,
cujo relatório será enviado à diretoria da AAL;
• Diretoria e Assembléia dos
Acadêmicos decidirão a continuidade do projeto, conforme avaliação.
A partir desse momento, este texto será narrado em primeira
pessoa do plural, pois a iniciativa já conta com a participação da Lula e os
serviços da funcionária Márcia Cristina Gonçalves, que se dedica ao grupo de
corpo e alma, como se dele fosse membro. Assim, em fevereiro de 1999, aconteceu
a primeira reunião, com a presença da presidenta Odette Costa Bodstein.
Levantamos os endereços de escritores que já haviam participado de concursos na
academia, mandando-lhes convites à reunião, divulgamos também a iniciativa
pela imprensa.
Cerca de 20 escritores participaram da primeira reunião.
Hoje temos quase 60 nomes cadastrados, porquanto não tenhamos conseguido reunir
todos num mesmo dia, 80% têm uma participação efetiva: telefonam, solicitam
informações, visitam a academia.
Na coordenação do grupo, eu e Lula somos membros natos, com
a participação por meio de escolha do próprio grupo entre seus pares de mais
três pessoas. Mensalmente, os coordenadores se reúnem para organizar a pauta e
analisar os problemas existentes.
Organizamos o primeiro sarau lítero-musical. Uma iniciativa
tímida, realizada no quintal do prédio da academia; depois passamos a
realizá-lo na Newton’s Pizzaria e já está na quinta edição. Atualmente, é um
evento consagrado, e a participação nele não está limitada apenas ao
grupo.
As reuniões ordinárias do grupo possuem um caráter
literário, porque nela há sempre um membro escalado para falar sobre um
escritor consagrado, uma pessoa para coordenar uma oficina literária de 30
minutos ou dar uma palestra. Na pauta, há um tempo reservado aos escritores
presentes para que lêem seus textos. Já estiveram palestrando com os acadêmicos
Célio Pinheiro, Cecília Ferreira, Tito Damazo, Lúcia Piantino, Marilurdes
Martins Campezi, Hélio Consolaro. O grupo sente o apoio de todos os membros da
Academia Araçatubense de Letras.
Como um dos objetivos do grupo é dar visibilidade à produção
literária de seus membros, logo no início se organizou uma
coletânea
de textos que recebeu o nome de “Experimentânea”, tendo em
vista
o nome de Grupo Experimental (escolhido por seus membros).
Houve a cotização, e o livro foi lançado em setembro de 1999
com noite solene de autógrafos dos 20 autores
participantes.
O dinheiro arrecadado com a venda dos livros faz parte
de um caixa do grupo.
Como o grande sonho era formar um consórcio de publicação,
o grupo foi tomando consciência de como seria o seu funcionamento. E em março
deste ano (2000), ele foi concretizado com 15 participantes, mas ainda não
publicou nenhum livro porque os escritores não conseguiram viabilizar a
organização de suas obras. Como o grupo é modesto economicamente, alguns
desistiram, não conseguiram pagar os R$60,00 mensalmente durante 30 meses. O
consórcio ainda é uma interrogação. O dinheiro arrecadado está em conta
corrente da Caixa Econômica Federal, agência de Araçatuba. Caso não vingue, o
dinheiro será devolvido aos cotistas.
Na reunião de agosto, já se fez uma comissão para organizar
a Experimentânea 2, a pedido de pessoas do grupo que acham importante continuar
a experiência.
Se valeu a pena? Fernando Pessoa respondeu a essa indagação
muito bem.
Podemos dizer que articular os escritores de Araçatuba e
região foi muito bom porque é a essência da atividade de uma organização como a
Academia Araçatubense de Letras. Além disso, os mais velhos e experientes
precisam abrir caminhos com os mais jovens, indicar-lhes direção, aprender com
eles também. Uma experiência que está sendo válida.
Hélio Consolaro Foto da época |
*Hélio Consolaro é membro da
Academia Araçatubense de Letras, professor de Português do Ensino Médio,
cronista diário da Folha da Região e coordenador do site Por Trás das Letras (www.folhanet.com.br/portrasdasletras).
Possui dois livros publicados: Cobras & Lagartos (crônicas) e
Urubu Branco (poemas).
Artigo
publicado na revista Plural, de edição anual, número 8, ano VIII, novembro de
2000. Estamos em novembro de 2018
publicando Experimentânea 12.
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